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sábado, 17 de agosto de 2013

FCX entrevista Krikor Sevag Mekhitarian


  O GM Krikor Sevag inaugura o blog oficial da Federação Catarinense de Xadrez com uma entrevista concedida por e-mail e nos conta seus planos e as perspectivas do xadrez no Brasil.

"vemos uma precocidade cada vez maior por todo canto, crianças conseguindo títulos de MI, GM em uma velocidade assustadora! "





FCX - Krikor, você descobriu o xadrez ou foi o xadrez que lhe descobriu e com quantos anos tinha, conte para nós?

Krikor - Meu pai me ensinou a jogar com cerca de 6 anos. Ele sabia apenas os movimentos, e achou que poderia ser uma atividade interessante... passei muito tempo jogando com ele, uma vez por dia, para apenas após anos descobrir que existiam competições escolares, estaduais, nacionais, etc.

FCX - Acredita que o xadrez já teve mais espaço na mídia tradicional em passado recente? Como mudar este quadro?

Krikor - Bom, no Brasil tivemos o jovem Mequinho que é conhecido até hoje por muitos daquela geração, por conta de sua exposição na mídia. Além de resultados extraordinários, colocando-o entre os melhores do mundo; ele tinha apoio governamental, combinação essa que fez ele ficar nacionalmente conhecido por pessoas distantes do meio enxadrístico. Hoje precisaríamos resgatar esse apoio, que talvez só fosse possível através de muito trabalho ou colocando algum jogador de destaque similar nos rankings mundias - algo longe da nossa realidade, por enquanto.

FCX - Como você vê o atual momento do xadrez no Brasil e no mundo? 

Krikor - No mundo, principalmente em função de crises econômicas, temos visto alguns torneios tradicionais encerrados, mas por outro lado, novas iniciativas surgem e acredito que o calendário internacional esteja bastante movimentado, seja falando de torneios abertos ou de fechados de elite. Quanto ao surgimento de novos talentos, vemos uma precocidade cada vez maior por todo canto, crianças conseguindo títulos de MI, GM em uma velocidade assustadora! A base do xadrez (o ensinamento nas escolas) também parece evoluir, já que os benefícios que esse jogo traz às crianças vem sendo muito debatidos. O nosso país, não acompanhou muito o desenvolvimento na área escolar. Quanto ao xadrez competitivo, carecemos de jovens talentos, mas nossa equipe olímpica tem tudo para conseguir bons resultados, inclusive em função das conversas que nós jogadores tivemos com a CBX a respeito de melhorar as condições de treinamento e preparação para as próximas competições internacionais, como a própria Olimpíada da Noruega de 2014.

FCX - Quais seus planos a médio  prazo dentro do xadrez brasileiro e mundial?

Krikor - Pretendo me manter na equipe olímpica e buscar melhorar, lutar pelos primeiros lugares no nosso ranking, afinal das contas tenho investido bastante na minha carreira de jogador, treinando e viajando bastante para torneios. Mantenho alguns alunos, mas meu foco ainda é jogar bastante, seja no Brasil ou em torneios internacionais. Nos últimos tenho planejado 2 viagens ao ano para a Europa, as quais já realizei em 2013. É provável que eu volte a jogar lá só no começo de 2014, e enquanto isso completo o ano com torneios aqui, como os Jogos Abertos de SP e SC, e a Final do Brasileiro Absoluto.

FCX - Que conselho você dá pra quem quer ser Mestre de Xadrez?

Krikor - Estudar, jogar bastante e acima de tudo gostar do que faz, e se divertir nas partidas!

FCX - O que você achou do formato que são realizadas as seletivas para o Catarinense absoluto, que inclusive este ano, esteve com rating FIDE médio mais forte que o brasileiro? Lembrando que foram 5 semifinais, 4 com prêmio mínimo de 2 mil reais e uma com R$ 3,5mil?

Krikor - De maneira geral, gosto do formato das semifinais sim. É um motivo a mais para movimentar o xadrez do estado, e incentiva os jogadores que querem jogar a final a participarem dos eventos digamos 'menores'. A respeito da média de rating do catarinense, é uma afirmação bastante relativa, porque seria superficial pegar a média dos primeiros 12 jogadores, afinal das contas os outros jogadores também participam e devem influenciar na média. Certamente foi um torneio ótimo, com boas condições. Gostei muito de participar (enfrentei em todas as rodadas jogadores de 2200+) e pretendo jogar outras vezes, mas não se pode afirmar que foi mais forte que a final do brasileiro (que teve média de 2297 e o catarinense, 2170)

FCX - Como você avalia as condições dadas em Santa Catarina para a final do campeonato estadual com 20 finalistas oriundos de semifinais, campeão juvenil, do rápido; todos com as despesas completamente pagas?

Krikor - Acho positivo, valoriza as semifinais e incentiva a participação nelas; pois essa vaga da final dá direito a jogar um torneio de bom nível competitivo sem quaisquer gastos, o que é algo muito bom, principalmente para os jovens que buscam melhorar e enfrentar jogadores experientes e titulados. Como já falei acima, gostei das condições e torço para que a federação mantenha a final no mesmo formato e quem sabe no futuro com uma premiação melhor, aumentando o prestígio do evento.

    A Federação Catarinense de Xadrez agradece a presteza do Grande Mestre brasileiro em nos atender para esta entrevista e lhe deseja todo o sucesso para a temporada atual e as vindouras! Aproveita também a ocasião para prestar um pequeno esclarecimento a respeito das palavras do Grande Mestre Krikor:
   "Respeitamos a opinião do conceituado GM Krikor a respeito das médias-ratings do Catarinense e Brasileiro. Entendemos que, além da média de rating dos 12 primeiros jogadores ter sido maior em SC, a média dos próprios adversários enfrentados pelo campeão (GM Krikor) também foi maior aqui, bem como a quantidade de jogadores titulados participantes."

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